Associação Figueira Com Sabor a Mar realizou habitual Jantar de Gala com a novidade de Mário Esteves não se recandidatar a novo mandato lamentando a falta de apoios e o desinteresse de alguns dos empresários da restauração!
A
intervenção de Mário Esteves, presidente da Associação Figueira
com Sabor a Mar que realizou na noite da passada quinta feira, no
Casino Figueira, o jantar do 13º aniversário e, simultaneamente, a
Gala de Encerramento dos festivais que decorreram em 2024, ficou a
mensagem de que o presidente vai sair e a Associação pode ficar à
deriva.Após
agradecimentos e entrega de certificados aos patrocinadores e ainda
aos 18 restaurantes aderentes do 33º Festival Gastronómico, os
Prémios Gourmet 2024 foram entregues à Aliança Vinhos de Portugal
SA (representada por Nuno Braga) e ao Coliseu Figueirense na pessoa
do seu administrador Miguel Amaral.
Nesta
noite a Figueira com Sabor a Mar prestou um tributo de gratidão e
reconhecimento ao Hotel Wellington na pessoa do seu diretor Jorge
Simões que, há mais de uma década, também é o presidente da
Assembleia Geral da Associação.
A
fadista Adelaide Sofia assinou momentos de animação musical,
acompanhada por Pedro Amendoeira e Pedro Pinhal.O
empresário e armador de pesca figueirense António Miguel Lé subiu
a palco para destacar “o trabalho árduo que promove o nosso Porto”
por parte da associação aniversariante no sentido de assegurar
“tradições antigas e culturas nobres”.
“A
Figueira tem gente de muita qualidade (…) não recebemos conselhos,
mas damos o exemplo”, disse António Miguel Lé deixando um apelo:
“vamos divulgar o que é nosso, vamos promover o nosso comércio
tradicional, vamos muscular o tecido empresarial do concelho”.
A
Associação Figueira Com Sabor a Mar elege uma nova direção em
março próximo. Oportunidade neste jantar de aniversário para Mário
Esteves declarar o seu afastamento das funções directivas e deixar
alguns “alertas à navegação”.O
presidente da Associação salientou os 60 dias dedicados à
gastronomia figueirense, promovendo peixes e mariscos da costa,
produtos endógenos como o arroz carolino do Baixo Mondego, o sal
marinho e a salicórnia, mas também na doçaria as Brisas da
Figueira da Foz, “contribuindo assim para o desenvolvimento
económico local e regional, posicionando a Figueira da Foz nas rotas
gastronómicas”.
Reconhecendo
“o esforço que a Associação Gastronomia Figueira com Sabor Mar
tem feito ao longo destes treze anos”, Mário Esteves considerou
que “não nos sentimos totalmente realizados”.
“Este
ano contabilizámos cerca de 25 mil refeições servidas, no entanto
a nossa perceção é que estes números ficam aquém da realidade”
considerando que os números devem rondar os 80 mil visitantes.
Neste
sentido, o responsável lamentou o conhecido problema da falta de mão
de obra especializada neste setor de atividade “contribuindo para
uma prestação de servido de baixa qualidade”. E neste campo,
invocou “relatos de deficientes serviços, se não mesmo maus”,
dando como exemplos “redução de horários e fecho fora do normal
funcionamento” o que, disse, “coloca em causa o turismo de
qualidade que pretendemos atrair”.Nesta
que foi provavelmente o último discurso enquanto dirigente, Mário
Esteves lamentou o afastamento e falta de interesse de alguns dos
empresários da restauração adiantando que “a publicidade dos
três últimos eventos foi suportada por alguns dos nossos
patrocinadores. Os três últimos almoços de apresentação dos
festivais gastronómicos foram suspensos devido à falta de vontade
de alguns colegas de os realizarem”, lembrando que parte dos
produtos a confecionar, vinhos e sobremesas, eram oferecidos pelos
patrocinadores, além de que associação ainda contribuía com 200
euros.
Mário
Esteves lamentou ainda a falta de apoios na promoção e divulgação
dos vários certames gastronómicos que a associação desenvolve ao
longo do ano, muito em concreto por parte da autarquia figueirense.
“Terminamos
este mandato com o orgulho de tudo ter tentado para dignificar a
restauração e o Turismo da Figueira da Foz. Saímos de consciência
tranquila”, referiu lamentando ainda que nestes 13 anos a
«promessa» de uma sede nunca se tenha concretizado e que “os
apoios foram a edição de publicidade”, mas que “neste momento é
zero. Tudo isto, conjugado com as festas ou festivais que se realizam
com o apoio camarário, festa da sardinha, feira das freguesias”,
garantindo que “compreendo a desmotivação dos nossos associados,
pois como diz o ditado popular, uns são filhos, outros são
enteados”.
Para
Mário Esteves, “por este país fora, mais concretamente na Região
Centro vêem-se municípios a promover a restauração dos seus
territórios, coisa que em nosso entender, não vimos no nosso
concelho (…). Há dois anos a esta parte o município, cortou-nos a
publicidade, nomeadamente flyers e cartazes e a utilização de 4
raquetes espalhadas pela cidade onde anunciávamos os nossos
festivais”.
“Saio
com o dever cumprido, que desde a primeira hora foi a promoção da
gastromania e o turismo figueirense. Se não fossem os nossos
patrocinadores, que desde a primeira hora acreditaram em nós, nunca
teríamos chegado tão longe”.
Manuel
Domingues, em representação da Câmara Municipal da Figueira da Foz
e em jeito de resposta a Mário Esteves, recordou o apoio que a
autarquia presta à hotelaria, restauração e comércio,
nomeadamente na organização de grandes eventos que trazem à cidade
milhares de pessoas. Entre eles, o “Figueira Champions / Casino
Figueira”, o recente campeonato nacional de estrada / Corrida dos
Reis ou mesmo o Carnaval e que, considerou, “têm permitido à
restauração trabalhar”.
“Quanto
aos apoios, por vezes o indireto é mais importante que o direto e
isso temos feito e não é descurar aquilo que temos trazido para a
Figueira da Foz”, salientou o vereador.
“Há
uma promessa para a sede desde a formação da Associação, mas só
estamos cá há 3 anos. Quem esteve, esteve e estamos cá para
resolver os problemas e eu farei chegar ao executivo municipal essa
referência”, garantiu o autarca.
“Sei
o que o trabalho que os restaurantes fazem não é fácil, mas têm
estado a divulgar os produtos endógenos. É importante a bem da
restauração darmos primazia e divulgar o que é nosso”, referiu
Manuel Domingues.
A
noite contou ainda com um agradecimento, pela voz de Carlos Sousa, a
todo o trabalho desenvolvido na restauração em geral e na
Associação em particular por parte de Mário Esteves.
Na
sua opinião e de alguns empresários do setor, o Prémio Goumert
deveria, por justo mérito, ser entregue a Mário Esteves, até “na
ausência de reconhecimento por parte das entidades públicas,
incluindo a nossa autarquia, para com a nossa Associação”,
recordando que “são 60 dias de festivais ao longo de vários anos
a promover o que de melhor se faz na Figueira da Foz. São décadas a
promover a gastronomia da Figueira da Foz. Até parece que a Figueira
Com Sabor a Mar não faz falta. Mas o dia em que a Associação parar
a Figueira da Foz fica mais pobre e vai-se notar. Juntos seríamos
mais fortes e se tivéssemos o acolhimento por parte da Câmara,
muito mais teríamos feito. O que vemos à nossa volta são os
municípios a chamar os restaurantes para promover o seu território
e nós nunca fomos “adotados” pelo município. Nunca pedimos
subsídios, mas sim incentivos”.
A
noite terminou com uma salva de palmas dedicada a Mário Esteves e o
tradicional “Parabéns a Você” e corte de bolo de aniversário.
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